A mobilização de setores empobrecidos da população norte-americana tem chamado a atenção da mídia nas duas últimas semanas. O movimento ganhou notoriedade em Nova York, com manifestantes organizando protestos barulhentos movidos pela palavra de ordem: Ocupe Wall Street.
Nos últimos dias, alastrou-se para 16 grandes cidades do país. Embora não tenha ainda definido uma agenda política clara, como é próprio dos movimentos sociais na sua origem, o movimento já colocou em debate questões centrais. Segundo o Prêmio Nobel de Economia Paul Krugman, há um significado simbólico na ocupação de Wall Street, o epicentro da crise de 2008. O gesto é de denúncia dos desvios e iniquidades cometidos, dos quais os manifestantes são as principais vítimas.
Dados sobre os impactos da crise na sociedade americana ajudam a entender a origem do movimento. Um em cada cinco americanos encontra-se atualmente na pobreza. A classe média encolheu e seu nível de renda voltou ao patamar de 1995. No topo da pirâmide, por outro lado, os ricos ficaram mais ricos.
O desemprego aumentou significativamente, atingindo 14 milhões de pessoas; 9,3 milhões de trabalhadores têm emprego precário; 2,5 milhões de desempregados desistiram de procurar emprego. O índice de trabalhadores organizados em sindicatos continua caindo e mal chega a 10%. A imagem de uma economia próspera, com sindicatos representando 33% dos trabalhadores, cujo padrão de vida chamava atenção do resto do mundo, ficou definitivamente para trás.
Continua na próxima semana.
Departamento de Formação