Em 4 de junho último, morreu, aos 94 anos, o general Leônidas Pires. No dia seguinte, a modista Zuzu Angel completaria a mesma idade, caso não tivesse falecido em abril de 1976. Além de outras atividades, o general chefiou o temido DOI-CODI entre 1974 e 1976, conhecido centro de torturas na ditadura.
De acordo com a Comissão Nacional da Verdade (CNV), dezenas de presos políticos nesse período foram capturados, torturados e assassinados no local, tendo sido igualmente levados para a chamada “Casa da Morte” na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, onde, ao final, os cadáveres eram incinerados ou esquartejados.
Mesmo com um currículo como esse, Leônidas foi sepultado com honras militares, apesar de ter sido responsabilizado, pela CNV, por violações dos direitos humanos. O general foi um dos 377 agentes do Estado citados como responsáveis pela prática de torturas e assassinatos.
Zuzu Angel e sua família são vítimas. Ela passou os últimos cinco anos de sua vida buscando o corpo de seu filho, Stuart Angel. Ambas as mortes, também segundo a CNV, tiveram a participação dos órgãos de repressão do governo militar.
Reconhecer o passado para não se repetir erros é uma das funções da história, que, no Brasil, ainda está por ser justamente contada.
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